Unicamp recebe investimento para criar sensores que detectam desde doping em atletas até nitrogênio no solo; conheça o programa
27/07/2025
(Foto: Reprodução) Imagem aérea do campus da Unicamp em Campinas
Reprodução/EPTV
A Unicamp está implementando dois novos centros de pesquisa com foco em desenvolvimento de nanotecnologia. Um dos objetivos é criar sensores que poderão ser usados tanto na medicina como na agricultura.
O projeto foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em parceria com oito empresas — sete do estado de São Paulo e uma da Noruega — de diferentes segmentos, tais como agropecuária, biotecnologia e softwares.
Entre as possíveis aplicações comerciais, estão a fabricação de sensores de detecção de doping em atletas de alto padrão e sensores de nitrogênio no solo.
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Programa
O programa se divide em três áreas: materiais, tecnologias viabilizadoras e computação quântica. Com orçamento de aproximadamente R$ 40 milhões, o projeto tem duração inicial de cinco anos.
Serão criados 29 Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) sendo dois deles sediados na Unicamp - os demais serão na USP, na Unesp e no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
Na Unicamp, o projeto é coordenado pelo Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) e pelo Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc). Segundo o coordenador da área de física, Daniel Ugarte, o projeto também é uma grande oportunidade para trazer equipamentos de última geração, que são inéditos no Brasil. [Veja mais abaixo]
Além da aplicabilidade comercial, também está prevista a formação de cientistas, com abertura de 350 bolsas de estudo para a pós-graduação. O programa entrou em vigor no dia 1º de julho, mas ainda falta liberar recursos para bolsas e material de infraestrutura.
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Nanotecnologia
A nanotecnologia é o uso da matéria em dimensões extremamente pequenas. Os nanomateriais utilizados possibilitam a criação de dispositivos com tecnologias inovadoras, mais rápidas e eficientes.
Segundo o coordenador do projeto na área de física, Daniel Ugarte, a primeira etapa da pesquisa em física conta com o estudo dos nanomateriais que darão origem aos sensores.
"A 'miniaturização' dos materiais permite a redução de energia e maior eficiência dos sensores, que podem funcionar em um grande espaço de tempo, sem a necessidade de renovar sua fonte de energia a todo momento", explica Ugarte.
Entre as possibilidades de aplicação, estão a detecção de substâncias no corpo e até de componentes no solo, que são de difícil nitidez.
Matemática em Libras
Também faz parte do programa um projeto de letramento capitaneado pelo professor Marcelo Firer, do Imecc, que visa criar uma linguagem matemática em Língua Brasileira de Sinais (Libras) para alunos com deficiência auditiva.
Além disso, o projeto prevê o aprendizado de máquinas e de redes neurais para resolver problemas de pesquisa. “Hoje não existe em São Paulo nenhum centro dedicado especificamente à matemática”, disse o coordenador do centro.
Impacto para universidade
De acordo com Ugarte, existe dificuldade de se produzir ciência no Brasil pela falta de investimento. Em sua visão, projetos como esses representam um avanço.
Ele destaca que os Cepids irão aumentar o nível da pesquisa na universidade, modernizando os equipamentos e viabilizando estudos que só eram possíveis fora do país.
Um exemplo de equipamento é a fonte de agregados atômicos (foto abaixo) desenhada pelo professor Varlei Rodrigues, do IFGW. Segundo Ugarte, esse tipo de equipamento é inédito em universidades no Brasil, sendo encontrado apenas em instituições como a École Polytechnique Fédérale de Lausanne (Suíça) ou Uni Freiburg (Alemanha).
O equipamento mede e controla com precisão as propriedades dos materiais, otimizando a resposta de absorção de luz, reatividade química, entre outras.
*Sob supervisão de Jéssica Stuque
Equipamento inédito no Brasil, a fonte de agregados atômicos foi desenhada por professor da Unicamp
Daniel Ugarte/Unicamp
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