Como memórias familiares uniram Enrico Lima e Chitãozinho & Xororó em gravação inédita
27/07/2025
(Foto: Reprodução) Enrico Lima e Chitãozinho revivem memórias no clipe 'Casa da Vó'
Chitãozinho e Xororó mudaram o sertanejo, influenciaram gerações e integram uma da duplas mais importantes da história. O legado, de tão forte, se estendeu a familiares, que também seguiram na música - como o fenômeno Sandy e Junior. Mas a revelação mais recente do "clã dos Lima" é Enrico, filho de Chitãozinho que se dedica atualmente à sua caminhada como cantor.
Aos 23 anos, Enrico Lima dá os primeiros passos da carreira solo. Em maio, ele lançou, com participação do pai e do tio, o single e o clipe "Casa da Vó". O encontro entre os três foi o primeiro em uma canção inédita. E a escolha não foi por acaso. A música, que estava "engavetada" há cinco anos, resgata memórias familiares e os conectou em uma gravação com lembranças emocionantes.
O programa Mais Caminhos, da EPTV, afiliada da TV Globo, conversou com exclusividade com Enrico e Chitãozinho para resgatar as memórias da família, revividas na gravação, e detalhar como foi gravar a canção.
A reportagem foi exibida neste sábado (26), quando foi comemorado o Dia dos Avós.
'Muito especial'
O clipe foi especial para Enrico por conta da presença que teve das avós na sua vida. Dona Araci, mãe de Chitãozinho, morreu em junho de 2010. O jovem afirmou que, quando a família escutou a música pela primeira vez, todos que estavam no local choraram. Depois dela ficar guardada por um tempo, eles decidiram que era hora de gravar.
A letra da canção, composta por Erik de Souza, Gabriel Rocha, Leandro Visacre e Lucas Carvalho, detalha, basicamente, uma pessoa que entra na casa da avó, que está à venda depois da morte dela, e começa a olhar todas as lembranças que aquele ambiente revela (veja a letra abaixo e confira parte do clipe acima).
"Não cabe o tanto de emoção que isso significa para mim, porque essa música é muito especial, é uma música muito familiar. E tendo o meu pai e meu tio em uma música familiar cantando comigo, é maravilhoso", contou Enrico.
"A princípio seríamos só nós dois, aí quando eu fui botar a segunda voz nos refrões, nas estrofes que tem o dueto, eu me lembrava muito do meu irmão porque essa música combina muito com a gente. Me lembrou muito de 'Fogão de Lenha', de 'No Rancho Fundo'. Ela tem essa vibe, né? Aí eu falei assim: vou mostrar pro Xororó. Aí o meu irmão ouviu, se emocionou também, como a maioria das pessoas, e topou na hora. Aí eu deixei eles gravarem, botou a voz dele primeiro, aí depois eu fui lá e coloquei a segunda voz e completamos a gravação. Eu achei que foi um momento de muita felicidade para nós três interpretar uma música tão bonita, tão singela, e que tenha essa mensagem de família, que realmente era a nossa intenção", lembrou Chitão.
Enrico Lima e Chitãozinho
Reprodução/Mais Caminhos/EPTV
Araras na pele
"Vai pegar nas mãos seu brinquedinho velho de madeira, vai deixar de vender as lembranças de uma vida inteira". Segundo Enrico, o trecho da música que mais o emocionou é exatamente o que cita o "brinquedinho". Para resgatar a memória afetiva, ele usou no clipe uma arara de madeira. A explicação é simples: o animal tinha grande relação com sua avó.
"Eu tenho fortes lembranças de estar fazendo várias caminhadas com a minha vó e, quando uma arara passava em cima da gente, ela sempre fazia uns comentários maravilhosos, de como a natureza é espelho de Deus. Então, esse animal tem essa forte lembrança, ela tinha várias coisinhas assim na casa dela, que era de arara. Aí eu falei: é o momento da gente trazer esse brinquedinho de madeira", afirmou o cantor.
A representação é tão forte que Enrico tatuou na costela três araras, que representam a mãe, Márcia, Chitãozinho e a avó.
"A que está posicionada um pouco mais à frente é a minha avó, que é minha estrela guia, ela que vai me guiar e me orientar. No fim da gravação, eu lembro que a gente estava arrumando as coisas, tomamos o último café, e a gente ouve o barulho de várias araras passando no céu. Eu sou uma pessoa que acredita muito na espiritualidade. Lá em casa é um ambiente muito espiritual e, ali, eu interpretei como se fosse um sinalzinho dela falando, estou aqui assistindo vocês. Isso me pegou bastante", revelou Enrico, emocionado.
Chitãozinho e Xororó nasceram em Astorga, no Paraná, mas moram em Campinas (SP) desde a década de 1980, o que fez a família toda criar bases para sempre na metrópole do interior de São Paulo.
"Essa cidade tem um lugar guardado no meu coração. Eu cresci aqui e a minha avó me acompanhava em todo lugar", disse Enrico.
"A gente está em Campinas já há muitos anos, né? Eu e o Xororó viemos muito cedo também. Criamos nossa família aqui. O Enrico nasceu em São Paulo por uma ocasião de um tempo que a gente estava também ficando lá e aqui, mas aí a gente já trouxe ele para Campinas e os outros meus dois filhos [Aline e Alisson Lima] também são todos campineiros. Essa cidade nos recebeu com muito amor, com muito carinho e é por isso que eu quero continuar morando aqui", finalizou Chitão.
Enrico Lima e Chitãozinho e Xororó em clipe
Reprodução/Casa da Vó
Casa da Vó
Quantas bolas a gente chutou aqui nesse portão
E olha a gente aqui. Vai ser difícil, irmão
Olha os vasos da vovó sem água, que com tanto amor, ela regava
E o cheirinho dela ainda está na casa
O radinho de pilha que o vô, toda vida, escutava
A caneca de café, de lata toda enferrujada
Como eles vão ter coragem de vender aqui?
Liga pro pai e diz pra ele vir que com certeza ele vai desistir
E de cara, quando ele puxar o trinquinho da porta vai lembrar da vó fazendo doce
E o vô ouvindo moda
Vai pegar nas mãos seu brinquedinho velho de madeira vai deixar de vender as lembranças de uma vida inteira
Tatuagens de Enrico Lima
Reprodução/Mais Caminhos
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